sábado, 22 de outubro de 2016

REVIEW : PLANETARY (1999 - 2003)

Planetary - os arqueólogos do impossível


A capa da primeira edição de Planetary em 1999

Imaginem uma história que permeia toda a cultura de um século XX, mostrando referências de cinema, quadrinhos, ciência, religião e ainda assim consegue te prender a cada página como poucos quadrinhos conseguem fazer com aqueles que a lêem, este meus caros é o mundo estranho de Planetary.


Esta imagem é mostrada na primeira edição de Planetary e é uma clara referência a briga que foi entre os personagens de Pulp Fiction e os Super-Herois, na época que eles chegaram ao mercado e logo conquistaram massivamente o publico, fazendo com que os personagens Pulp, fossem esquecidos.

Escrita por Warren Ellis (Transmetropolitan) e desenhada por John Cassaday (Surpreendentes X-men: Superdotados e Surpreendentes X-men: Perigoso), Planetary traz até os leitores a história secreta do Século XX e uma organização secreta, responsável por desvendar estes mistérios e ajudar a humanidade com eles, através de seus agentes de campo: Elijah Snow, um velho de cem anos de idade que perdeu a memória e aos poucos a recobra, Jakita Vagner, uma super-mulher extremamente poderosa e o Baterista, um receptor de qualquer informação presente ao seu redor (qualquer mesmo), porém há pessoas que não querem estas informações divididas com o mundo, se auto-intitulando: os 4, uma versão maligna do Quarteto Fantástico da Marvel. Além da trama trabalhar muito com referências, Planetary brinca muito com teorias de conspiração coisa que era muito rotineira no Século XX, podemos ver até mesmo pela organização secreta Planetary, e da forma como os 4 se transformaram.


O misterioso Elijah Snow (centro), a poderosa Jakita Vagner (esquerda) e o excêntrico Baterista (direita) 

Planetary é uma obra sem igual, Warren Ellis consegue conciliar com maestria uma história ousada com constantes referências e criticas sociais, tudo sem perder a genialidade e o ritmo da história, os desenhos de John Cassaday se entrelaçam perfeitamente com a trama enriquecendo ainda mais a leitura e deixando a experiência ainda mais mágica. Apesar de muitas vezes as histórias parecerem desconexas com a trama central, elas no final se mostram peças chaves para o entendimento da história, podemos dizer que esta é uma obra de detalhes, e mesmo assim o enredo consegue de forma inteligente e muito bem explicada conectar todos os detalhes apresentados na trama de forma exímia e complexa, mesmo para os desatenciosos ou aqueles que leem a história de forma rápida, não terão dificuldade de entender e se maravilhar com a complexidade da obra, porém vão perder toda a essência que faz a história ser tão interessante.


Atrás deles, algumas cenas de eventos importantes que aconteceram ao longo da trama

Apesar de Planetary ser uma obra muito renomada, houve um hiato na publicação de sua última edição (edição 27), que foi publicada apenas em 2009, enquanto a série havia parado na edição 26 em 2003. Devido ao seu grande sucesso e aceitação para o publico, Planetary ganhou diversos crossovers com diversos personagens dos quadrinhos, sendo deste o mais notável: Planetary & Batman, que ganhou uma republicação recentemente pela Panini Comics, mas isso é papo para uma outra resenha.


Cena de Planetary & Batman

Planetary é uma viagem impressionante por toda a cultura do Século XX, permeando toda a cultura de forma ousada e mágica, uma leitura imprescindível para qualquer leitor de quadrinhos ou de quem gosta de uma boa história.



"Esse é um mundo estranho"
"Vamos mantê-lo assim"
A frase mais marcante e que acabou se tornando um simbolo da série, dita pela primeira vez em Planetary #1

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O CAVALEIRO DAS TREVAS III - A RAÇA SUPERIOR


O cavaleiro das Trevas III - a raça superior, a despedida de Frank Miller dos quadrinhos.


(Primeira capa da história publicada no Brasil, o interessante é que caso o leitor não goste desta capa, ainda pode escolher entre mais quatro capas alternativas e escolher uma de sua preferência)

Muitos roteiristas já trabalharam com um dos personagens mais queridos da mídia mundial nos quadrinhos, tais como: Alan Moore, com a sua excelentíssima e controversa: Piada Mortal, a divisora de opiniões: O que aconteceu com o homem morcego, do excelentíssimo Neil Gaiman, Batman & Robin de Grant Morrison, Scott Snyder que recentemente marcou presença na fase dos novos 52,  e agora esta a frente de: Grandes Astros: Batman Rebirth (coisa para uma outra resenha). Entretanto ninguém marcou tanto a história do homem-morcego como Frank Miller com a sua derradeira obra: O cavaleiro das Trevas, que não impactou apenas o mundo do homem-morcego, como toda a narrativa de quadrinhos desde então.


(Capa da edição 3, aonde vemos o embate do Batman vs Superman, provavelmente um possível marketing para o filme, considerando que o embate mostrado no filme foi inspirado na primeira obra de Frank Miller)

O Cavaleiro das Trevas III, trás até nós a continuação dos arcos anteriores da saga. A história se centra basicamente na Kara, filha do Superman com a Mulher-Maravilha, que decide ajudar os cidadãos da cidade engarrafada de Kandor a se libertarem de sua estatura pequena, e procura o Ray Palmer (o átomo) e consegue reverter sua estatura para tamanho normal, entretanto metade da população não aguentou a reversão de tamanho e acabou morrendo, e como eles são kryptonianos, eles se tornam praticamente deuses, e decidem, a partir das palavras de seu líder (uma crítica social bem forte nesta parte da história) dominar a terra, porém Batman é o único a bater de frente com estes recém deuses, e a partir dai que a trama se desenrola.


(imagem da primeira edição de Cavaleiro das Trevas III, os traços de Andy Kubert são muito semelhantes ao dos primeiros trabalhos de Frank Miller)

Cavaleiro das Trevas III é uma história única com uma qualidade que a muito tempo não víamos de Frank Miller, alguns dizem que isto é resultado da parceria com Brian Azzarello, entretanto muitos falam que o escritor realmente gostaria de fazer algo que perpetua-se por toda a história para fechar com chave de ouro a sua carreira. Os desenhos da série regular não ficam nas mãos de Miller, mas sim nas mãos de Andy Kubert que consegue captar toda a narrativa da história com uma maestria sem igual e que em muitos aspectos consegue ficar idêntica aos desenhos antigos do escritor, dando aos leitores regulares das obras do escritor uma sensação de nostalgia. Há também alguns formatinhos que vem junto com a série regular, e que se passam no mesmo universo da série, só que com outros personagens do universo DC, que é também uma leitura divertida e nos ajuda a ter uma dimensão maior do impacto que os eventos da história causam no universo da história. O enredo ainda possui muito da identidade de Frank Miller como suas críticas sociais pesadas em relação a mídia e a sociedade em forma de conversas que enriquecem a trama, seja em programas de televisão ou em conversas de mensagem de celular, enquanto algumas cenas se desenrolam.



(Capa da primeira edição do formatinho que vem junto com a série regular e que ajuda a compreendermos as dimensões dos eventos que se desenrolam na série regular, cada edição vem com uma história paralela diferente) 


(capa de outra história paralela que vem junto com a saga regular, como podem perceber já é de outro personagem, desta vez nos traços do John Romitta Jr, cujos traços também lembram muito os de Frank Miller em sua época de ascensão nos quadrinhos)

As histórias do Batman nas mãos do Frank Miller (tirando Batman: Ano Um) são conhecidas por se passarem em um universo aonde há um tom extremamente exagerado de acontecimentos, principalmente no universo do Cavaleiro das Trevas, sempre com eventos grandiosos e lutas mais grandiosas ainda, e coisas que beiram o absurdo, entretanto sem perder a qualidade das histórias, ao menos era assim antigamente, depois de Sin City, Frank Miller decaiu de forma surpreendente se tornando um dos piores escritores da atualidade contradizendo seus primeiros anos revolucionários na mídia, com obras como: Grandes Astros: Batman & Robin e Holly Terror, que foram trucidadas pela critica e pelos fãs. Mas finalmente temos uma grandiosa obras em mãos, pelo menos nos parâmetros do escritor, como cada vez mais há a busca pela humanização dos personagens de quadrinhos, é bom termos uma obra que nos lembre como os quadrinhos começaram e se tornaram este sucesso mundial que é hoje em dia, apenas esperamos que a obra não acabe nos decepcionando nas últimas edições. O cavaleiro das Trevas III está disponível para compras em todas as bancas e livrarias do Brasil.


(Capa da próximo parte da história, que segundo os autores, terá muita violência gratuita no estilo de Frank Miller)